domingo, 29 de julho de 2012

Alasca era só o rumo...

Queridos leitores,
Há alguns meses, percebi que o Alasca era só o rumo que eu tinha tomado para minha viagem. O dinheiro não daria para ir até lá e pensava em ir até a Flórida, de onde pretendia enviar a moto ao Brasil por navio e voltar de avião. Entretanto, ao chegar ao México e receber as cotações para o envio e de sentir aquela tristeza de que a viagem estava acabando, mudei de ideia e decidi vender a moto após percorrer 19.046 km por 14 países, em quatros meses e meio.

Na verdade, depois de tentar vendê-la no México, sem sucesso, voltei à Guatemala e acabei de conseguir fechar negócio aqui (nessa loja aí da foto acima), onde é possível legalizar um veículo usado. Portanto, faço esse post de despedida do blog mas devo continuar viajando de ônibus mesmo, até o dinheiro acabar, visitando os lugares em que não estive por causa da pressa de chegar aos Estados Unidos.

Os chicken buses, como são conhecidos os ônibus velhos que transportam a população da maioria dos países da América Central, serão meu novo meio de transporte. Logo o primeiro que peguei após a venda da moto, em Xela, tinha uma trilha sonora de Roberto Carlos em espanhol. Fiz um vídeo mas não consegui postar aqui. Para a despedida mando fotos dos dois últimos países em que estive e sobre os quais não tinha postado nada.

Beijos e abraços!

Tulum, no estado de Yucatán, no México...



O cenotes de Tulum, que são essas cavernas com rios subterrâneos de águas cristalinas




Ainda na Guatemala, Semuc Chamey e os vulcões do Lago Atitlan






Dois típicos chicken buses guatemaltecos



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Vulcões e histórias na Nicarágua


Olá pessoal,

Passei por três países sem escrever nada aqui no blog (desculpem se causei preocupações pelo sumiço a alguns dos valiosos cinco leitores) e já estou na Guatemala, que está se mostrando realmente incrível. Entre Nicarágua, Honduras e El Salvador, optei por conhecer melhor o primeiro e só atravessar os outros dois para ter mais tempo aqui.

A Nicarágua foi uma boa surpresa para mim. Além do cenário natural peculiar nas Ilhas Ometepes (foto acima), as conversas e histórias dos nicaraguenses valeram a visita. As ilhas são formadas por dois vulcões que emergem no meio do Lago Nicarágua. As circunferências delas são de cerca de 30 a 40 quilômetros e lá vive uma população rural, bastante hospitaleira. Os vulcões de cerca de 1,500 metros de altura acima do nível da água são cobertos por uma mata tropical bem preservada, cheia de macacos e pássaros. Um deles ainda está ativo e o outro tem um lago no que era a cratera.

As histórias dos nicaraguenses giram principalmente em torno das duas últimas guerras civis, que marcaram a história do país. A da década de 70 para acabar a ditadura Somoza e depois a dos Contras que tentavam derrubar o governo sandinista. Esta última foi da década de 1980 até o início dos anos 90 e quase todos os homens com mais de 35 anos tiveram alguma participação. A atmosfera no país, no entanto, não é triste por isso. Pelo contrário, a maioria parece bem animada com o presente e o futuro. Acho que o turismo crescente parece ajudar a economia do país a se recuperar.

Quanto a Honduras, passei somente 150 km para atravessar o país no menor caminho possível e a experiência não foi das melhores. O funcionário da fronteira me cobrou 35 dólares pela autorização de entrada da moto, que vale menos de 10 dólares e as estradas e construções do país parecem destruídas. El Salvador me pareceu em melhores condições financeiras, mas atravessei o país em uma tarde e uma manhã, sem ver quase nada além de estradas.

Na entrada da Guatemala, a moto (ela de novo!) me deu algumas dores de cabeça, com panes elétricas que queimaram três fusíveis em um dia - a minha velha companheira de guerra, XT 600, que tem 15 anos e mais de 160 mil km rodados, parece cansada, mas acho que aguenta até o fim. A sorte é que a pane final foi a alguns quarteirões de uma concessionária Yamaha, na capital do país (Cidade da Guatemala, conhecida como Guate), em que o gerente (grande Sérgio Mendes, que tem nome de cantor brasileiro) costuma ajudar os viajantes de moto. Resultado: fez uma revisão completa e não me cobrou absolutamente nada. Tudo de graça. E isso foi só uma mostra das boas-vindas que recebi por aqui. Agora começo a desbravar mais este país antes de partir para o México.

Abaixo seguem algumas fotos da Nicarágua:



Vista de Granada, cidade do século XVI que fica às margens do Lago Nicarágua



Transporte público na também histórica Léon, berço das revoluções nicaraguenses



Vista do vulcão ainda ativo das Ilhas Ometepes

Abraços,
Claudio.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Até parece que eu tô na Bahia...

Salve galera,
Até agora a Costa Rica foi o lugar mais parecido com o Brasil que encontrei em toda a viagem. Tanto do lado do Atlântico quanto do Pacífico, as praias daqui lembram bastante as nossas. Entrei no país pela estrada que beira a costa do Caribe e fiquei dois dias em Puerto Viejo de Talamanca, uma cidadezinha que bem poderia estar na Bahia, com seu ritmo lento, praias com águas quentes e uma mata tropical misturada a coqueiros na beira do mar (como nesta foto na praia de Manzanilla, a 10 km de lá). A diferença é o som o reggae que domina os ouvidos locais.

Já no lado do Pacífico, fui a Manuel Antonio, um conhecido parque nacional que tem montanhas verdes e praias de águas azuis, lembrando Florianópolis. Para completar a semelhança, as praias das cidades próximas são cheias de surfistas e as pranchas fazem parte do visual local. A conservação e a estrutura do parque são bem legais e caminhando pelas trilhas bem demarcadas se vê muitos animais que também são parecidos com os do Brasil, como esse macaco da foto abaixo. A Costa Rica tem uma experiência bem grande em ecoturismo e recebe hordas de estrangeiros para isso.



Chegando à capital, San José, não vi nada demais nessa organizada cidade, cheias de redes de fast food americanas e sem uma identidade marcante. Uma característica é que as ruas são todas nomeadas por números, mas não há placas com esses números e as pessoas da cidade também não os conhece. Os endereços são todos com referências de prédios conhecidos, como 100 metros ao sul do prédio do Banco da Costa Rica. Coisa de maluco.

Amanhã, saio bem cedo rumo à Nicarágua. Queria ter ido hoje, mas o mecânico demorou a trocar a roda da frente da moto e decidi sair só amanhã para não pegar noite na estrada. Isso mesmo, já é a segunda roda que tenho de trocar. Os aros de ambas estavam enferrujados e estavam furando as câmaras de ar dos pneus.

Ainda no Panamá, na sexta-feira passada, quando estava a caminho da Costa Rica, o pneu da frente furou duas vezes no mesmo dia. A segunda foi à noite no meio de uma área indígena, que não tinha borracheiro algum. Andei 10 km com o pneu vazio até parar em uma venda. Lá, tirei a roda para levar a um borracheiro no dia seguinte, na próxima cidade. Um americano que estava na venda e vive desde 1979 no lugar deixou eu passar a noite numa rede na varanda da casa sobre palafitas que está construindo no meio do mato (foto acima).

Problemas com a moto têm sido a parte mais desagradável da viagem. Já tive cinco pneus furados, duas panes elétricas durante as chuvas, uma corrente arrebentada e um sem-número de raios quebrados na roda traseira. Tomara que agora, com as duas rodas novas, a moto que já tem 15 anos de idade e mais de 160 mil km rodados pare de dar problemas.

Abraços,
Claudio.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Panamá além do canal

Após fazer as contas dos gastos para atravessar o vazio que há entre a Colômbia e o Panamá, acabei decidindo cruzar esse trecho pelo jeito mais barato e, claro, mais difícil. Fui pegando barquinhos pequenos, como este da foto, de povoado em povoado na região de Darien, província do Panamá em que não há estradas, só mata e algumas vilas na costa. Foram quatro dias (dois deles sem banho de água doce) em que eu e a moto fomos levados por quatro barcos.

O termino da parte terrestre foi em Turbo, no norte da Colômbia, que é uma cidadezinha bem feia, com águas bem poluídas. A partir daí, a moto seguiu em um barco que leva bananas para Puerto Abaldia, já no lado panamenho. Como o barco não leva passageiros, eu tive de tomar dois barquinhos de fibra, como esse da foto também, que vão em alta velocidade, sacudindo e batendo nas ondas. Não parece, mas após três horas de viagem, você está quebrado. Depois, foram dois dias em Puerto Abaldia, esperando o barco de bananas e implorando para algum dono desses barquinhos levar a moto até Carti, onde começa a estrada do lado panamenho.

Essa última pernada levou oito horas e foi a mais cara (US$ 200 pela moto e mais US$ 100 para o mesmo barquinho me levar). E eu ainda tive de arranjar mais seis passageiros, pagando US$ 100 cada um, para que o barqueiro quisesse sair. Ao todo, de Cartagena, na Colômbia, à cidade do Panamá a travessia saiu por US$ 600. A opção de colocar a moto em um navio cargueiro custaria bem mais (US$ 900, pelo navio com as taxas portuárias, e mais a minha passagem de avião, por quase US$ 300, ou de veleiro, por cerca de US$ 500). Os preços da travessia aumentaram bastante depois que a Capitania dos Portos colombiana proibiu os veleiros de levarem motos.

Depois disso tudo, tive de descansar dois dias nessa ilha aí da foto, que fica no arquipélago de San Blás, um território controlado pelos índios Kuna Yala, no litoral caribenho do Panamá. A água é realmente incrível, morna e cristalina. A ilha em que fiquei se chama Iguana (foto acima) e tem apenas quatro cabanas de bambu e palha, bem simples, que hospedam turistas que não estão pensando muito em conforto, apenas tranquilidade. E foi o que tive.

Além do mar transparente, o Panamá tem grande parte do seu território com florestas tropicais bem preservadas, o que torna o país um grande destino para o ecoturismo. O que não vi muita graça foi na capital (foto acima), que é conhecida como a Miami da América Central, com toda razão. O bairro histórico de Casco Viejo, onde estou hospedado, tem algum casario colonial, mas ainda está sendo recuperado depois de anos de degradação. A visita ao canal para ver os navios cargueiros passando pelas eclusas é outro programa que vale a pena. Bom, hoje ainda estou na cidade do Panamá e amanhã sigo rumo ao noroeste do país e devo dormir em alguma praia no caminho para a Costa Rica.

Beijos e abraços,
Claudio de Souza.

domingo, 20 de maio de 2012

Colômbia: esta és mi tierra

Nesses 20 dias desde que saí do Equador, a Colômbia me conquistou. A exuberância verde de suas montanhas e a diversidade de clima logo me chamaram a atenção nos primeiros quilômetros pós-fronteira. Em algumas horas, todo o cenáro muda. As estradas vão a mais de 3 mil metros de altitude (como esta da primeira foto), com 10 graus de temperatura, e logo depois ao nível do mar, "mostrando um país tropical", com um calor de quase 40 graus. Até a comida e o sotaque do povo muda em uma distância surpreendentemente curta.

Logo após a primeira noite aqui, que foi numa cidade não muito aprazível, chamada Pasto, no primero café da manhã na estrada, perguntei o que havia de café da manhã. A resposta: carne, ovo mexido ou frango, com arroz e batatas fritas. Tem pão? Perguntei. Não. Disse a atendente do restarante às 9h da manhã com cara de espanto para uma pergunta tão estúpida. No dia seguinte, já estava em Cali, onde comer pão (com ovo também, claro) e café, no café da manhã, já é uma coisa normal.

A guerrilha, logo lembrada quando se houve o nome do país, não chegou a me preocupar em nenhum ponto das rodovias, que são extremamente vigiadas pelo Exército e pela Polícia Nacional. Rodei quase 3 mil quilômetros, cortando a Colômbia da fronteira com o Equador, no sudoeste do país, até a costa do Caribe, em Cartagena, onde estou agora, e todo o tempo vi muitos soldados patrulhando a estrada, principalmente no trecho até Cali, que fica mais próxima da costa do pacífico (esse ônibus acima é típico em toda a Colômbia).

Até agora, enquanto estive aqui, houve dois episódios que trouxeram a guerrilha para as primeiras páginas dos jornais, que foram o sequestro do jornalista francês e o atentado ao ex-ministro do governo Uribe em Bogotá. No primeiro caso, o jornalista estava cobrindo um combate entre forças do governo e da guerrilha quando foi capturado. Então, não é uma onda de sequestros fora das "áreas de conflito". No segundo episódio, apesar de eu ter passado pelo local da explosão umas duas horas antes, saindo da capital rumo a Medellín, acho que a probabilidade de ser atingido pela explosão é quase igual a de se ferir com um bueiro da Light no Rio.

Nas livrarias, o que mais vi são livros sobre o tema. E nas conversas entre viajantes, a guerrilha também é sempre mencionada. Mas em conversa com os colombianos, sempre que pergunto sobre o tema, noto que as pessoas desviam do assunto. E não é por medo. Acho que é mesmo porque já estão de saco cheio de serem perguntadas e de serem tão conhecidas pelo problema.

Além das forças armadas, as montanhas e a chuva (ela de novo, pelo menos uma horinha por dia) me acompanharam todo o tempo nas estradas, fazendo com que viagens de 400 km demorassem quase 10 horas. As montanhas ficaram para trás pouco antes de Cartagena, mas as chuvas não, tornando-se torrenciais todas as noites (a primeira me pegou a pouco mais de 10 km de Cartagena para dar as boas-vindas). Se você está a salvo é até bom para aliviar o calor de quase 40 graus, mas essa noite a hospedaria em que estou não me deixou tão a salvo assim e uma cascata caiu sobre minha cabeça às 4h da manhã, molhando tudo e me obrigando a mudar de quarto no meio da madrugada.

Além do campo e das florestas daqui, as três maiores cidades colombianas também me conquistaram. Bogotá, Cali e Medellín, cada uma tem sua peculiaridade e seu charme. Bogotá (a foto acima é da Praça Bolivar, no centro de Bogotá) foi a cidade de que mais gostei e em que mais tempo fiquei: uma semana. O suficiente para esmiuçar cada quarteirão da Candelária, bairro antigo ao lado do centro e onde fica a maior parte das hospedagens de mochileiros e dos prédios históricos. A beleza do casario colonial e de prédios de séculos atrás, a beira de montanhas verdes como as do Rio de Janeiro, dão um toque especial ao lugar. O porém é o número imenso de pedintes nas ruas. Que pena. Outro problema chega à noite. A chapa é quente e soube de pelo menos dois roubos a turistas que estavam no abergue em que me hospedei.

Bom, mas voltando aos fatos positivos: a música. Desde que saí do Brasil, a Colômbia foi o primeiro país em que escutei música local que não fosse aquele folclore andino das flautinhas. Em todos os outros, o pior da música brasileira e internacional é a trilha sonora dominante. Na Colômbia, a salsa, a rumba dão o tom e ainda tem uma interação bem grande com as demais sonoridades caribenhas, com destaque para a música cubana.

Bom, agora estou buscando uma forma de atravessar o chamado Darien Gap, uma área coberta de floresta do sul do Panamá em que não há estradas ou qualquer caminho. Para meu azar, os veleiros que fazem a travessia de Cartagena (essa última foto é da Cidade Murada, parte mais antiga de Cartagena) ao Panamá foram proibidos recentemente de levar motos, como costumavam fazer há anos. Bom, as opções são complicadas. A primeira é esperar um navio cargueiro para mandar a moto e que pode demorar bastante e com preços salgados (800 dólatres pela moto mais a minha passagem de avião). A segunda é pegar três ou quatro pequenos barcos de pesca e carga que cruzam os trechos entre pequenos povoados que ficam isolados na costa do Darien Gap. Se eu não conseguir confirmar um navio até terça-feira, acho que vou tentar a segunda opção.

Abraços,
Claudio.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cheguei à metade... do mundo

Essa semana passei dos 10 mil quilômetros rodados e ultrapassei a linha do Equador. Ainda não sei se é a metade do caminho, porque não sei ao certo a quilometragem que irei percorrer, mas já andei pra burro. Cruzei a fronteira do Peru com o Equador no domingo e, amanhã, já devo estar na Colômbia. Resolvi dar uma aceleradinha na viagem porque só no Peru fiquei um mês e, como não dá pra conhecer bem tudo, tenho de escolher alguns pontos. A Colômbia espero que seja um desses pontos.

Mas não é desdém com o país que marca a metade do mundo. O Equador vai muito além da linha. Logo que entrei aqui a paisagem mudou completamente depois dos milhares de quilômetros de deserto desde o Atacama, no norte do Chile, até o norte do Peru. O clima virou tropical, com muito verde, plantações de banana, montanhas e vulcões. São mais de 30 no Equador, muitos ainda ativos.

Escolhi visitar um deles, o Quilotoa (esse aí da foto). O vulcão tem um lago de água verde na cratera e fica a 4 mil metros de altitude. O calor da planície equatoriana logo se foi quando comecei a subir as montanhas rumo ao centro do país e no vulcão o frio foi de lascar, com direito a chuva de gelo. Aliás, foi deixar o deserto peruano e a chuva voltou a me acompanhar.

Por causa dela, da chuva, tive de dormir de ontem para hoje na vila que fica à beira do Quilotoa porque estava todo molhado e não ia enfrentar a estrada naquele frio. Foi uma experiência "étnica", se posso assim chamá-la. Dormi numa pousada dos índios andinos, que só ficavam falando Quechua, e eu era o único hóspede, além de único não-índio a passar a noite no lugar. Acordei cedo e vim dormir numa cidade a três horas da fronteira colombiana, chamada Otavalo. Amanhã, Colômbia.

Desculpem por dar tão breves e espaçadas notícias, mas essa vida de viajante está muito corrida. Não durmo duas noites na mesma cidade desde que saí de Lima, no dia 26.

Abraços!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Como buzinam esses peruanos

Aproveito a manhã de mais um dia cinzento em Lima, para aparecer por aqui. Pelo menos nessa época do ano, é assim. Um dia nublado, outro também. Em alguns momentos, as nuvens se abrem e aparece o sol forte com céu azul, esquentando a temperatura estranhamente baixa para uma cidade litorânea e tão próxima da Linha do Equador.

Estou hospedado em um albergue em Miraflores, que é um distrito que corresponderia a Ipanema e Leblon, no Rio. Segurança, policiais por todo lado, ruas limpíssimas, prédios luxuosos e uma sensação de que nem se está no Peru, não fosse o barulho constante das buzinas. Aliás, acho que essa é a principal marca da cidade. Como buzinam por tudo esses motoristas, principalmente os taxistas. O trânsito louco faz o Rio parecer a Suíça de tão organizado.


O bairro de Miraflores (foto lá no topo) e o vizinho Barranco ficam debruçados em penhascos sobre o mar, formando um cenário incrível. As praias, no entanto, deixam a desejar. Na maior parte, não há areia, só pedrinhas, e a água, gelada, marrom e poluída. O litoral limenho só é bom mesmo para quem quer surfar, com ondas enormes e perfeitas.


O sistema de transporte público, como não podia deixar de ser, é caótico, com ônibus grandes fazendo lotações e disputando passageiros com vans, aos gritos dos cobradores pendurados nas portas. A exceção é o BRT, que chamam de Metropolitano. Os ônibus articulados e bem novos são o metrô de superfície limenho. Peguei para ir de Miraflores ao Centro e voltei por volta das 18h, com espaço de sobra, mas é claro que não são todas as linhas que funcionam assim.


O centro histórico de Lima é bem bonito e, como em Cusco ou Arequipa, apresenta enormes construções coloniais bem preservadas ao redor da praça principal, em quase todas as cidades da América espanhola chamada de Plaza de Armas. Saindo da parte histórica, a bagunça e confusão tomam conta do centro.



Em contraste com o tumulto de Lima que enfrento agora, passei uns dias antes na calmaria de Huacachina, uma vila no meio de dunas gigantes no deserto (foto acima). O lugar fica a uns 300 quilômetros ao sul de Lima e foi minha principal parada de Arequipa até aqui. As atrações locais, claro, são passeio de bugre pelas montanhas de areia e sandboarding.

Abraços e até a próxima!